Vinho late harvest é um termo comum no mundo da nossa bebida favorita. Em tradução literal, significa vinho de colheita tardia, feito a partir de uvas que ficam mais tempo do que o amadurecimento habitual nos vinhedos. Claro, intencionalmente. Ao passar do tempo de colheita, as uvas perdem água, murcham, concentrando assim aromas, sabores e principalmente açúcares. A bebida resultante é doce e com acidez marcante e, por isso, não é enjoativa, mas muito sofisticada.
O vinho late harvest é ideal para ser servido como aperitivo, digestivo ou para acompanhar sobremesas. Ele também fica incrível com queijos fortes, como os azuis, contrastando com a potência deles. Mas como esse vinho surgiu? Como tantas descobertas maravilhosas do mundo, a colheita tardia das uvas foi uma ideia acidental. Acredita-se que tenha surgido na Alemanha, no século 18. Os produtores de vinhos tinham que esperar a autorização dos príncipes-bispos para iniciarem a vindima. Certa vez, uma dessas autoridades demorou para conceder a permissão e as uvas passaram do ponto. Para não perder a safra, o viticultor resolveu vinificar as uvas assim mesmo, obtendo um vinho doce e de qualidade surpreendente, que encantou todo mundo.
A partir daí, a prática se tornou intencional, tornando-se a principal técnica de elaboração de vinhos doces fenomenais, como os célebres Sauternes e Tokaji, feitos de uvas de colheita tardia atacadas pelo fungo Botrytis cinerea. As variedades ficam mais tempo na videiras e sofrem o ataque fúngico, chamado de “podridão nobre”, que acelera a desidratação e ainda confere aromas e sabores exclusivos.
As uvas geralmente usadas para a produção de vinho late harvest são brancas de casca mais fina, como a Moscato, a Riesling, a Gerwürztraimer, a Furmint, a Sauvignon Blanc e Sémillon. Embora a técnica tenha surgido no Velho Mundo, nos países europeus, hoje em dia é usada em muitas outras regiões produtoras, inclusive do Novo Mundo, originando rótulos encantadores.