Sauternes dá nome a um vinho branco doce célebre no mundo todo e também à região onde ele é elaborado. Localizada no sudoeste francês, a área é uma pequena comuna de Gironda, cuja capital é Bordeaux.
A região foi contemplada na famosa classificação de 1855, junto com os vinhos de Médoc. 27 propriedades foram classificadas e os rótulos Sauternes foram divididos em duas categorias. São 11 Premier Crus, 15 Deuxième Crus e uma Premier Cru Supèrieur, o icônico Château d'Yquem, a mais alta classificação.
O vinho Sauternes é feito a partir de uvas botritizadas. O clima da região, com umidade variável, é favorável ao ataque das uvas, ainda nas videiras, por um fungo, o Botrytis cinerea. Os frutos ficam com as cascas amolecidas, porosas, o que ocasiona a desidratação.
As principais variedades usadas na produção do Sauternes são as brancas Sémillon, Muscadelle e Sauvignon Blanc. As uvas ficam então enrugadas, ricas em açúcares e, quando vinificadas, adquirem aromas de caramelo e mel. Além disso, há uma boa concentração de ácido málico, fazendo com que o dulçor seja pouco perceptível em boca.
O processo de vinificação a partir da botritização é chamado de "podridão nobre". O resultado é um vinho espetacular, surpreendente e de excelência, um dos exemplares doces mais requisitados do planeta. A bebida é uma joia líquida, de cor dourada, textura elegante e capacidade de envelhecimento gigante.
Há duas possíveis histórias para o surgimento do Sauternes. A primeira conta que o dono do Château La Tour Blanche decidiu esperar o fim das chuvas de outono para fazer a colheita das uvas, em 1836. Por causa da espera, houve o ataque do Botrytis e ele resolveu elaborar o vinho assim mesmo. A segunda diz que o marquês de Lur-Saluces, dono do Château d'Yquem, ordenou seus funcionários que o esperassem retornar de uma viagem para supervisionar a colheita. As uvas acabaram ficando mais tempo nos vinhedos e sofreram o ataque fúngico.